A reativação da mineração em Serra Pelada, um dos garimpos mais emblemáticos do Brasil, continua enfrentando impasses políticos e judiciais. Apesar da recente aprovação de uma parceria estratégica entre a Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp) e uma empresa privada para a exploração de metais preciosos, disputas internas pelo controle da entidade impedem o reinício das atividades.
Desde 2023, a Coomigasp tem sido palco de conflitos envolvendo sua presidência. Deuzita Viana, então presidente da cooperativa, foi afastada do cargo por determinação judicial, sob suspeita de corrupção. No entanto, ela continuava despachando como mandatária da entidade, o que levou o presidente interino, João Alves Araújo, a recorrer à Justiça.
Na última semana, o Tribunal de Justiça do Pará determinou que Deuzita Viana não possui mais poder sobre a cooperativa e reconheceu João Alves Araújo como líder legítimo da entidade. Apesar da decisão, a ex-presidente deve recorrer na tentativa de reassumir o cargo, prolongando a instabilidade interna.
A disputa ocorre em um momento decisivo para a Coomigasp, que se prepara para eleições internas em março. O pleito pode intensificar ainda mais os embates políticos dentro da associação, tornando incerto o futuro da mineração em Serra Pelada.
Enquanto isso, cerca de 30 mil garimpeiros aguardam uma definição. Muitos ainda sonham em voltar a explorar a região, onde há resquícios de ouro a mais de 100 metros de profundidade. Porém, além dos desafios operacionais da mineração, enfrentam um obstáculo ainda maior: a luta pelo poder dentro da entidade que deveria representá-los.
Texto Original/ Gazeta Carajás